Friday, May 23, 2014

Não basta ter DSA, tem que ativar!


Alexandre Loupy et al. N Engl J Med 369; 13 September 26, 2013

Estudo francês realizado no Hôpital Necker e Hôpital Saint-Louis, ambos em Paris.

Hipótese: - SOBREVIDA DO ENXERTO NA PRESENÇA DE ANTICORPOS "DSA" ATIVADORES DO COMPLEMENTO.

A detecção de C1q (C1q+) ligado a anticorpos contra HLA do doador (DSA+) no 1o ano de acompanhamento foi variável independente para perda do enxerto.

C1q+ é associado ao risco de perda do enxerto independente do MFI. Não houve diferença de MFI > ou < 6.000, apenas a
presença de C1q+ definiu o prognóstico.

  • C1q ≠ C4d -- C4d tem pouca sensibilidade da rejeição humoral. O fato de haver C1q+ e consequentemente ativação da via clássica do complemento não significa que haverá deposição de C4d na biópsia. Assim, na suspeita de rejeição humoral, mesmo a biópsia sendo C4d negativa, o diagnóstico de rejeição mediada por anticorpos não pode ser excluído.








Friday, May 16, 2014

Anlodipino, 1 vez e até 10!

O Anlodipino (Amlodipine nos EUA) é um dos anti-hipertensivos mais prescritos. Talvez por erros da Indústria Farmacêutica e por vício dos médicos, é comum ver sua prescrição de forma não ortodoxa.
A Indústria Farmacêutica nacional peca por não formular comprimidos de 2,5 mg, a dose inicial. Os médicos ao prescrever de 12/12h ou de ultrapassar 10 mg por dia.
Segundo a JNC8 (Joint National Committee 8), a dose inicial é de 2,5 mg, sempre em dose única (duração do efeito é de 24h segundo LEXICOMP/ UpToDate), com teto de 10 mg.
Não há necessidade de correção para função renal.

Fácil, uma vez e até 10!


Wednesday, May 14, 2014

Biopsy for Dummies

Excelente vídeo produzido por uma Nefropatologista da Arábia Saudita. Abordagem simples e sistemática das lesões glomerulares.

http://www.theisn.org/pathology-topics/education-by-topic/pathology/approach-to-glomerular-lesions-video-kfsh-d/itemid-1372

Monday, May 12, 2014

Doença Policística

São Paulo, 12 de maio de 2014.
Atualidades no Tratamento da Doença Renal Policística Autossômica Dominante.

Editorial do mês de maio do periódico Clinical Journal of the American Society of Nephrology (CJASN), por Rex L. Mahnensmith, Yale University.

O autor cita 4 novas terapias que buscam mudar o curso natural da doença:
-       Antagonistas dos receptores V2.
-       Inibidores da mTOR.
-       Análogos de Somatostatina.
-       Estatinas.

Além disso, apresenta a medida do Volume Renal Total (TKV), por meio de Ressonância Magnética, como um marcador de progressão da doença, assim como a Taxa de Filtração Glomerular ou a Creatinina Sérica.

Antagonistas V2: Estudo com 1445 pacientes, por 3 anos, duplo-cego e randomizado. O aumento no TKV no grupo com Tolvaptan foi 2,8% vs 5,5% no grupo controle, p significativo. NNT= 37. Ou seja, a cada 37 pacientes tratados, 1 se beneficiaria sem ter aumento no TKV.
Tempo para progressão clínica da doença anual, p significativo, NNT= 16,6. Ou seja, a cada 16,6 pacientes tratados em por ano, 1 mantem-se estável.
Em relação à dor, p significativo, NNT= 50. Seria necessário tratar 50 pacientes para prevenir que um tivesse dor desencadeada pelos cistos no período de um ano.
Por outro lado 15,4% do grupo Tolvaptan vs. 5% do grupo placebo interromperam o tratamento (por poliúria, noctúria, polidipsia e hepatotoxicidade). NNH (number needed to harm)= 9,6. Isto é, a cada 9,6 pacientes tratados, 1 interrompe o tratamento.

Inibidores mTOR: Há 6 estudos avaliando TFG (taxa de filtração glomerular) e TKV (total kidney volume), 5 com Sirolimus  e 1 com Everolimus. Em 4 estudos com Sirolimus não houve diferenças estatisticamente significantes entre o grupo com o fármaco vs grupo controle na queda da TFG. Houve interrupção no tratamento de até 29% devido a efeitos adversos como estomatite, acne, aumento de infecções, piora em proteinúria e hiperlipidemia. Apenas em 1 estudo, com menores doses de Sirolimus, houve menor redução na TFG calculada a partir da depuração de Iotalamato, contudo não houve diferenças quando usado CDK-EPI para se estimar a TFG.

Análagos de Somastatina: Há 1 estudo com 70 participantes em uso de Octreodite por 3 anos. Não houve diferença em relação à redução do ritmo de aumento do TKV, tampouco no ritmo de queda da TFG medida pela depuração de Iotalamato.

Estatinas: Estudo avaliou a associação de Pravastina e IECA em 110 pacientes de 8 a 22 anos, durante 3 anos. O aumento no TKV ajustado para altura em 3 anos foi menor no grupo com estatina, com significância estatística. Porém não houve diferença na queda da TFG e os mecanismos de ação das estatinas não foram elucidados.

Fatores como o estágio da doença, duração dos estudos, genótipo da Doença Policística, influenciam os resultados e dificultam conclusões definitivas. Assim o uso dessas medicações não é embasado em evidências sólidas.

O uso de novos biomarcadores, a divisão de pacientes pelo genótipo e pelo estágio da doença ajudarão a dirimir fatores de confusão.

Rex L. Mahnensmith. Clin J Am Soc Nephrol 9: 831–836, maio, 2014.

Saudações

Este blog é uma plataforma para atualização, debate e divulgação de conhecimento em Nefrologia. Periodicamente, assuntos de todas as áreas da Nefrologia serão abordados, assim como da Medicina Interna. Estudos publicados em periódicos de grande circulação como Kidney International, JASN, CJASN, American Journal of Kidney Diseases, New England Journal of Medicine, The Lancet, Nature Reviews Nephrology, entre outros, serão explorados, questionados e debatidos.
O blog é fomentado e mantido pela Clínica de Doenças Renais de Brasília (CDRB).

Bem-vindos ao "NephrotrialsCDRB".

Thiago Reis, residente em Nefrologia da EPM-UNIFESP.