Monday, May 12, 2014

Doença Policística

São Paulo, 12 de maio de 2014.
Atualidades no Tratamento da Doença Renal Policística Autossômica Dominante.

Editorial do mês de maio do periódico Clinical Journal of the American Society of Nephrology (CJASN), por Rex L. Mahnensmith, Yale University.

O autor cita 4 novas terapias que buscam mudar o curso natural da doença:
-       Antagonistas dos receptores V2.
-       Inibidores da mTOR.
-       Análogos de Somatostatina.
-       Estatinas.

Além disso, apresenta a medida do Volume Renal Total (TKV), por meio de Ressonância Magnética, como um marcador de progressão da doença, assim como a Taxa de Filtração Glomerular ou a Creatinina Sérica.

Antagonistas V2: Estudo com 1445 pacientes, por 3 anos, duplo-cego e randomizado. O aumento no TKV no grupo com Tolvaptan foi 2,8% vs 5,5% no grupo controle, p significativo. NNT= 37. Ou seja, a cada 37 pacientes tratados, 1 se beneficiaria sem ter aumento no TKV.
Tempo para progressão clínica da doença anual, p significativo, NNT= 16,6. Ou seja, a cada 16,6 pacientes tratados em por ano, 1 mantem-se estável.
Em relação à dor, p significativo, NNT= 50. Seria necessário tratar 50 pacientes para prevenir que um tivesse dor desencadeada pelos cistos no período de um ano.
Por outro lado 15,4% do grupo Tolvaptan vs. 5% do grupo placebo interromperam o tratamento (por poliúria, noctúria, polidipsia e hepatotoxicidade). NNH (number needed to harm)= 9,6. Isto é, a cada 9,6 pacientes tratados, 1 interrompe o tratamento.

Inibidores mTOR: Há 6 estudos avaliando TFG (taxa de filtração glomerular) e TKV (total kidney volume), 5 com Sirolimus  e 1 com Everolimus. Em 4 estudos com Sirolimus não houve diferenças estatisticamente significantes entre o grupo com o fármaco vs grupo controle na queda da TFG. Houve interrupção no tratamento de até 29% devido a efeitos adversos como estomatite, acne, aumento de infecções, piora em proteinúria e hiperlipidemia. Apenas em 1 estudo, com menores doses de Sirolimus, houve menor redução na TFG calculada a partir da depuração de Iotalamato, contudo não houve diferenças quando usado CDK-EPI para se estimar a TFG.

Análagos de Somastatina: Há 1 estudo com 70 participantes em uso de Octreodite por 3 anos. Não houve diferença em relação à redução do ritmo de aumento do TKV, tampouco no ritmo de queda da TFG medida pela depuração de Iotalamato.

Estatinas: Estudo avaliou a associação de Pravastina e IECA em 110 pacientes de 8 a 22 anos, durante 3 anos. O aumento no TKV ajustado para altura em 3 anos foi menor no grupo com estatina, com significância estatística. Porém não houve diferença na queda da TFG e os mecanismos de ação das estatinas não foram elucidados.

Fatores como o estágio da doença, duração dos estudos, genótipo da Doença Policística, influenciam os resultados e dificultam conclusões definitivas. Assim o uso dessas medicações não é embasado em evidências sólidas.

O uso de novos biomarcadores, a divisão de pacientes pelo genótipo e pelo estágio da doença ajudarão a dirimir fatores de confusão.

Rex L. Mahnensmith. Clin J Am Soc Nephrol 9: 831–836, maio, 2014.

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